15.03.2021

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Caso incomum de jovem futebolista com múltiplas pontes miocárdicas suscita estudo sobre avaliação pré-participação esportiva

Um estudo divulgado na mais recente edição da revista do DERC traz um caso incomum: uma futebolista de 17 anos, submetida ao teste ergométrico durante avaliação pré-participação esportiva, apresentou resposta isquêmica. A angiotomografia de artérias coronárias demonstrou quatro pontes miocárdicas

O risco de morte súbita durante a prática esportiva é um tema em discussão, já que mesmo em necropsias de atletas vítimas de morte súbita não se pode afirmar que pontes miocárdicas tenham sido a causa da morte. 

Segundo alguns profissionais, a possibilidade está relacionada a fatores como a extensão do segmento vascular, a profundidade no miocárdio e o grau de constrição e concomitância com doenças que aumentam o consumo de oxigênio miocárdico. A elegibilidade para prática esportiva depende de fatores como a modalidade praticada e o achado de cardiopatias de alto risco ou benignas, detectadas nos diferentes exames. 

Assim sendo, fica o questionamento: liberar ou não a paciente para prática esportiva competitiva?

Diretrizes europeias para avaliação pré-participação esportiva

Publicada em agosto de 2020, a atual diretriz europeia sobre cardiologia esportiva e exercício em pacientes com doença cardiovascular estabelece que, em indivíduos com ponte miocárdica, a avaliação da morfologia anatômica é fundamental. 

São consideradas variáveis como o número de pontes miocárdicas e a profundidade e comprimento total do vaso acometido. Além disso, faz-se necessária a aplicação do teste ergométrico para detecção de isquemia e/ou arritmia ventricular.

Podem participar de esportes competitivos os pacientes assintomáticos sem evidência de isquemia. Já pacientes com evidência de isquemia persistente e/ou arritmias ventriculares complexas não são recomendados aos esportes competitivos.

O caso em questão

Mulher, 17 anos, esportista desde os 11. Havia se profissionalizado há um ano, treinando três horas por dia, seis vezes por semana. 

Apesar do exame clínico sem alterações, o eletrocardiograma em repouso de 12 derivações mostrou alteração difusa da repolarização ventricular. O teste ergométrico em esteira, por sua vez, resultou em infradesnível do segmento ST de 3,0mm, com morfologia convexa.

O ecocardiograma não demonstrou repercussão hemodinâmica ou alteração estrutural. A cintilografia miocárdica demonstrou perfusão normal e concordante tanto em repouso, como em esforço, e função ventricular esquerda preservada.

Na angiotomografia foram detectadas quatro pontes miocárdicas: 

  • terço médio da artéria descendente anterior;
  • ramo diagonalis; 
  • ramo marginal;
  • coronária direita com trajeto intramiocárdico atrial.

A paciente, porém, permanecia assintomática, tendo apresentado prova funcional de perfusão normal. Assim sendo, foi liberada para prática de esportes competitivos profissionais. 

Após um ano e meio, a jovem permanece sem modificações clínicas ou funcionais. O acompanhamento médico é feito trimestralmente e a atleta atualmente treina de 2 a 3 vezes por semana, por 1 hora e 30 minutos. 

O estudo completo pode ser acessado na última edição da Revista do DERC. Clique aqui e faça o download gratuito. 

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por Agência Ouzzi